sexta-feira, 11 de outubro de 2013

O nosso coração



Ele bate...bate...bate... devagarinho, certinho
desde que nos conhecemos como gente
(mas dentro da barriga da nossa mãe
ele já batia devagarinho... certinho,
antes que a gente se conhecesse como gente)


Enquanto somos crianças ele bate alegre, alvoroçado
quando  descobrimos o mundo ao aprender a ler
ao ganharmos a primeira bicicleta,
o primeiro computador
sem saber ainda o que é sofrer


Depois, na adolescência,
ele bate...bate...bate... inquieto, agitado
vivendo intensamente novas emoções
nas labaredas incontidas do desejo
da volúpia, do prazer


E quando se encontra o amor?
É tão bom amar e ser amado! Viver um amor partilhado...
sentir a vida palpitando em nós,
as pancadas certinhas do coração
a paz tranquila do anoitecer


No auge de uma grande paixão
o coração descompassado bate... bate... bate... adoidado
numa loucura total!
É o amor que o faz bater assim,
como um pássaro feliz e assustado

Mas um dia descobrimos mentiras.  A dor da traição
E o coração ferido, desesperado,
perde o ritmo, quer parar de bater
desiludido, infeliz, asfixiado
pela erva daninha da desilusão


Precisamos reagir. Não perder a esperança. Lutar!
Temos de tratar do nosso coração
A solução? Frequentar uma Academia, controlar o peso
conhecer novas pessoas   caminhar
e em pouco tempo ele recobra a alegria de pulsar


A vida continua... outros amores vêm.  Passam-se os anos
Momentos alegres e tristes se sucedem
Acumulamos perdas, desilusões, vitórias, fracassos
 - mas não podemos  perder nunca a alegria de viver

E o nosso coração lá vai batendo sempre devagarinho... certinho...
até um dia.  Em que para


Maria de Lourdes Brandão
   (escritora e poetisa)

                                     Rio de Janeiro, 22/09/2013 

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